18 de outubro de 2013

A importância da Filosofia como ferramenta para a clínica psicanalítica

De acordo com Freud, Psicanálise é o nome de:
1) um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo,
2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos,
3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que, gradualmente, se acumulou numa "nova" disciplina científica.
Filosofia é, grosso modo, o amor pelo conhecimento, uma maneira de explorar o mundo através de respostas e proposições a fim de compreendê-lo.
Como a Filosofia existe há séculos e deu origem a tantas outras ciências, parece-me uma visão inocente imaginá-la sem nenhuma contribuição à formação da Psicanálise, já que esta surge no século XIX.
A posição de Freud em relação a esta questão, isto é, se a Psicanálise tem a ver com a Filosofia, foi bastante ambivalente. Em alguns momentos, ele faz parecer que sim, como quando diz: “Alimento, na profundidade de mim mesmo, a esperança de atingir, pelo mesmo caminho, meu primeiro objetivo: a filosofia”. Ou ainda: “Em meus anos de juventude, só aspirei aos conhecimentos filosóficos e, agora, estou prestes a realizar este desejo, baseando da medicina à psicologia”.
De qualquer forma, parece haver uma ligação forte entre o pensamento psicanalítico e a filosofia de Empédocles. Este propõe dois princípios do devir na vida do mundo, no qual se percebe um eterno combate recíproco entre philia (amor) e neikos (combate).  Para ele, o amor é uma força unificadora, mas que não existe só. A outra força responsável pela dinâmica é o combate, o ódio.
Ora, tal ideia é bem próxima à teoria freudiana das nossas duas pulsões originárias: Eros e Destrutividade. Assim, as ações humanas estão sujeitas a uma complicação de natureza diferente. Muito raramente uma ação é obra de um impulso instintual único (que deve estar composto de Eros e Destrutividade). A fim de tornar possível uma ação, há que haver, via de regra, uma combinação desses motivos compostos.
Outro ponto que mostra a influência da Filosofia na Psicanálise é o encontro de idéias de Freud e Platão no que diz respeito ao princípio do prazer. Platão faz considerações sobre Eros e sobre a extensão que concede ao conceito da sexualidade, em “O Banquete”.  Sobre este assunto, escreve Freud: “O que tenho no espírito e, naturalmente, a teoria que Platão coloca na boca de Aristófanes, no Symposium, e que trata não apenas da origem da pulsão sexual, mas também da mais importante de suas variações em relação ao objetivo. A natureza original não era semelhante a atual, mas diferente”.
Dentre os filósofos aquele que mais se destacou pela sua aproximação com a teoria psicanalítica foi o filósofo Arthur Schopenhauer. A filosofia de Schopenhauer pode ser considerada referência primordial no estudo das relações entre a Psicanálise e a Filosofia.
Schopenhauer, o qual, embora nunca tenha se referido diretamente ao inconsciente em suas obras, defendeu, por outro lado, a existência de um estado de não-consciência e de processos de natureza não consciente. Sob esse aspecto, a filosofia de Schopenhauer pode ser considerada referência primordial no estudo das relações entre a Psicanálise e a Filosofia.
O inconsciente, assim como todo e qualquer conceito científico e filosófico precisa ser considerado segundo as características do seu tempo e das condições que permearam a história de vida desses pensadores.
A Psicanálise nasceu da necessidade de sua época em compreender as perturbações nervosas (mentais), por meio de uma observação verdadeiramente psicológica, apoderando-se não só da personalidade como da vida do homem enquanto indivíduo concreto.
Da mesma maneira, os filósofos que trataram da noção de inconsciente sofreram as influências de sua própria história ao abordar esta questão, e as razões que os motivaram foram as mais variadas. Com relação à Schopenhauer, isto não foi diferente. Sua investigação filosófica pelos processos não-conscientes enraizava-se na sua preocupação em entender a dinâmica da racionalidade e da irracionalidade, ou em outras palavras, a dinâmica entre a Vontade Individual e o Intelecto.
Sem que Freud tivesse procurado, ele esbarra em problemas e tradições externas à racionalidade psicanalítica. Ao construir sua Metapsicologia, o arcabouço conceitual da teoria que fundamenta a prática de escuta e tratamento do sofrimento psíquico, Freud acaba formulando uma teoria do sujeito calcada em dois pilares: a estrutura inconsciente da atividade mental e o caráter pulsional da sexualidade humana, com considerável participação de outros filósofos.
Por outro lado, há que se ver o quanto a teoria psicanalítica de Freud influenciou a Filosofia. Além da questão relacionada à moralidade, a sua afirmativa acerca da existência do inconsciente causou um terremoto nas convicções racionalistas que na época dominavam o panorama filosófico. Afinal, tinha-se como certo que o homem diferenciava-se dos demais animais justamente por ter a capacidade de raciocinar, mas eis que Freud coloca que o raciocínio não poderia continuar a ser tido como absoluto, pois era, na verdade, quase que um “mero executor” das intenções nascidas do inconsciente do sujeito. Pascal já afirmava que o coração (o inconsciente, os sentimentos irracionais) tem razões (motivos, objetivos) que a própria Razão (o consciente, o raciocínio) desconhece. Era uma oposição frágil, distante das Ciências Modernas nem dos sábios contemporâneos. Já com Freud isso não acontecia. Afinal, ele era um respeitado e atualizado médico, inserido no rol dos grandes cientistas de seu século.

Freud desenvolveu um estudo detalhado sobre um aspecto da personalidade humana que, de modo geral, não recebera a devida atenção da Filosofia. Com ele o homem ganhou certa complexidade e isto forçou uma grande revisão dos conceitos filosóficos, tanto em termos da Consciência, da Vontade, quanto do próprio Pensamento Humano.

27 de setembro de 2013

UMA JANELA PARA A FILOSOFIA
Mauricio A. Guerriere
Um rapaz sedento de saber ouviu falar acerca de um velho filósofo que vivia numa casa de madeira próxima à floresta. Pouco se sabia das atividades deste velho, muito menos de sua juventude. Mas motivado por uma curiosidade pujante, o rapaz dirigiu-se à casa do filósofo com o intuito de iniciar-se na arte de filosofar. Para o jovem isso lhe traria tranqüilidade e paz interior. Imaginou-se um daqueles discípulos orientais que
procuram um mestre asceta para encaminhá-lo nas virtudes do espírito e do transcendente.
Munido com um caderno e uma caneta, o jovem bateu à porta da casa de madeira. Após alguns segundos a porta se abriu e surgiu a imagem de um velho moreno, quase careca, com uns óculos redondos pousados sobre o nariz. Usava calças largas e sandálias franciscanas. Ao ver o jovem, esboçou na face um leve espanto. - Pois não? - disse.
- Pode parecer besteira... o senhor é filósofo, não é? Pois bem... eu gostaria de aprender filosofia, mas se não der, tudo bem...
O velho filósofo fez uma expressão interrogativa e permaneceu em silêncio por alguns segundos.
- Aprender filosofia... acredita que eu possa lhe ensinar? - prosseguiu o velho.
- Tenho certeza disso! - querendo agradar - acho que o senhor é um grande sábio, não é?
- Se eu disse que sim, filho, já seria um péssimo professor. Quem neste mundo é sábio? Existem muitos? Não creio, pois o mundo continua perverso. - e acrescentou fazendo um gesto vago - entre, filho. Não tem medo?
- Não, de jeito nenhum - respondeu o jovem terminando de anotar as palavras do velho em seu caderno - não tenho medo não.
- Isso já é um bom começo.
O velho foi entrando e o rapaz o seguiu com o caderno. O filósofo voltou-se e disse: - Ah, deixe seu caderno aí fora. Na saída você pega.
O jovem ficou confuso, mas atendeu à solicitação. Entraram em uma sala com várias almofadas pelo chão e o anfitrião convidou o visitante para sentar-se. Havia uma janela de vidro fechada no centro da parede que possibilitava a visão dos fundos da casa. Era uma bela paisagem. Na mesma sala havia uma estante repleta de livros e uma escrivaninha ao lado.
O rapaz estava ansiosíssimo.
- O que você vê ali? - perguntou o velho apontando para a janela. - Uma janela.
O velho sorriu.
- Uma janela - acrescentou o rapaz, querendo mostrar-se inteligente - mas com uma paisagem atrás. - Olhou para o velho e este ainda sorria.
- A paisagem é formada por um rio, árvores, capim rasteiro. - Ainda o sorriso do filósofo.
- Um rio com uma forte correnteza - continuou o jovem -, as árvores com uma coloração branca do lado direito da folhagem, o capim molhado... Ah! Uma chuvinha leve molha o capim.
O velho levantou-se, ainda sorrindo, e murmurou baixinho: “é um começo...” Foi se afastando em direção à escrivaninha sob o olhar interrogativo do jovem. - Fique à vontade, eu tenho umas coisinhas a fazer.
Dizendo isso foi sentar-se à escrivaninha e começou a folhear uns manuscritos. O visitante ficou confuso, olhou para a janela pensativo e tentou ver algo mais na paisagem que ainda não tinha dito. Não conseguiu. “O que o velho quer?” Continuou vendo a paisagem através do vidro. Ela continuava a mesma.
- É bonita a paisagem, né? - perguntou ao filósofo.
O velho pareceu nem ouvir. “O que tenho que dizer?” O rapaz continuava olhando para a janela. Nada havia mudado.
“O que isso tem a ver com eu querer aprender filosofia? O que é a filosofia afinal?
Levantou-se e foi em direção à estante de livros. Escolheu um com os olhos e quando estendeu a mão para pegá-lo foi repreendido pelo velho.
- Não. Não pegue nenhum livro aí.
- Não pode? - perguntou o rapaz meio assustado. - Por enquanto não.
“Que diabo de lição é esta?” O jovem estava totalmente confuso. “Será que este velho é caduco? Eu quero aprender e nem posso olhar um livro?” Sentou-se novamente em frente à janela e ficou pensativo. Tudo estava igual.
Algumas horas se passaram e a tarde começava a morrer. O velho levantou-se e dirigiu-se ao rapaz, que não havia tirado os olhos da janela.
Já está ficando tarde. É melhor você ir.
- Mas... E a aula? - O velho sorriu mais uma vez abriu a porta para o jovem sair. - Boa tarde, filho. Não esqueça o caderno lá fora.
O rapaz zangou-se. Ficou uns segundos parado, olhou uma última vez para a janela e depois saiu. - Boa tarde... Professor.
Meu nome é Américo. Pode me chamar assim.
No outro dia, mais ou menos na mesma hora o rapaz voltou a bater à porta do velho Américo. Havia pensado a noite inteira. Quase pensou em desistir, mas um estalo na mente o fez mudar de idéia e continuar a busca. “Acho que descobrir o que é filosofia”. Pensou.
- Boa tarde, Filho. Que surpresa.
- Seu Américo, acho que descobri o que é filosofia!
O velho olhou meio cético e foi entrando na casa arrastando as sandálias. - Deixe o caderno lá fora - pediu o filósofo já de costas.
Sentaram-se ambos novamente próximo à janela. O velho pôs-se em atitude de escuta. - Olha como o senhor mostrou-me uma janela com uma paisagem e eu estava querendo aprender filosofia, conclui que filosofar é contemplar as coisas belas da natureza, sentir estas coisas e interiorizá-las. É um tipo de contemplação! O velho ficou sério, impassível, fitando o rosto sorridente do jovem. Passados alguns segundos o rapaz perguntou: - Acertei?
- Não estamos em um jogo de adivinhações.
- Mas não é isso que é a filosofia? - perguntou preocupado.
O velho Américo sorriu. O jovem animou-se e sorriu também. De súbito, o velho ficou sério novamente e disse:
Não. Não é isso. - Levantou-se e foi sentar-se à escrivaninha. O sorriso do jovem foi se desfazendo aos poucos e a raiva tomou conta de seu corpo.
- Não dá pra dizer logo o que é?
O velho permaneceu calado folheando os manuscritos. O rapaz estava irritado ao extremo e teve vontade de ir embora. Mas insistiu em ficar, pois era persistente em tudo o que fazia. Voltou-se para a janela e pôs-se a fixá-la com os olhos. Estava igual. As árvores com a coloração branca do lado direito da folhagem, o rio com a correnteza forte, a relva molhada e a chuvinha que não parava de cair. Não conseguia ver mais nada além disso.
- Tenho que tentar modificar a paisagem com pensamento? É isso? - Não - respondeu o velho tranqüilo.
Novamente a janela e a paisagem. Cansado daquilo, o rapaz começou a observar as fotos dependuradas pelas paredes da sala. Em uma delas, um jovem, provavelmente o próprio Américo, falava na rua para um grupo de pessoas, aparentemente operários. Em outra foto ele e uma mulher se beijavam. E ainda outra, aparecia ele sentado, já com mais idade, em uma assembléia com inúmeras pessoas.
A última foto que o rapaz observou mostrava quatro rapazes, dentre eles um que parecia o velho filósofo, em sua juventude, brindando com copos de cerveja; nesta todos sorriam.
Tendo passado algumas horas, o rapaz foi tomado por uma súbita curiosidade. “Por que o lado direito das árvores possui essa coloração branca? “Por que este rio tem essa correnteza tão forte?” “Por que esta chuvinha fina não pára?” Fez cada uma destas perguntas ao filósofo. A resposta foi o silêncio e um sorriso que o jovem não pode perceber. “É um começo”, sussurrou Américo para si mesmo, “é um começo...” O rapaz não entendeu nada e zangou-se.
No dia seguinte, repetiu-se a mesma coisa. O rapaz era insistente. A curiosidade para ele era como um vício difícil de abandonar.
- Posso pegar um livro, seu Américo? Ainda não.
- Mas tem vários sobre filosofia aí, porque eu não posso ler?
- Você me pediu uma coisa. Queria aprender filosofia. Se quer aprender com os livros, basta comprá-los.
O rapaz desconcertou-se. Na sala a mesma cena dos dias anteriores. O jovem em frente à janela e o velho na escrivaninha praticamente não se comunicava. Na cabeça do rapaz pairavam as dúvidas do dia anterior. “Por que a cor branca do lado direito das árvores? Por que aquela correnteza forte? Por que a chuvinha que não pára?”... “Por que a cor branca nas árvores, a correnteza, a chuvinha? Cada vez mais seus olhos se prendiam na janela. “Por que a cor branca? Por que a correnteza? Por que a
chuvinha?”... “A cor branca, a correnteza a chuvinha...” Aquelas dúvidas na cabeça, a janela imóvel postando-se entre ele e a imponência da paisagem e o silêncio enigmático do velho deixavam o rapaz extremamente irritado e incomodado. “Paisagem com árvores com cor branca por quê? Por que correnteza forte e chuvinha que não pára?”
E olhava a janela irritado. “Cor branca correnteza... chuvinha...” “Por que a paisagem é assim?” “Cor branca, correnteza e chuvinha. A janela... a paisagem. O velho não fala nada...” Sua mente estava a ponto de se desorientar. Suas perguntas ribombavam como vozes que ecoavam em seu cérebro: “Por que a cor branca nas árvores? Por que a correnteza forte do rio? Por que a chuva fina não cessa? O jovem ia se agastando, mas as questões permaneciam, como se tivessem vida própria. “Por que a cor branca, por que correnteza forte, por que chuvinha incessante... Por quê? Cor branca...”
Tomado por uma raiva súbita e explosiva que o fez agir quase que inconscientemente, o rapaz pegou um banquinho que estava na sala e atirou-o contra o vidro da janela com toda a força. Os estilhaços se espalharam por dentro e por fora da casa. Não sobrou quase nada da vidraça. O barulho chamou a atenção do velho que, após um sobressalto, voltou-se calmamente para trás. Viu o jovem de pé, arfando, com o desespero estampado em seu semblante. O velho fitava-o enternecido, com um aspecto paternal. Sua feição confundiu ainda mais o jovem, que esperava algum tipo de repreensão.
- Seu Américo, desculpa... Eu não sei o que dizer, meu Deus... - Vou dar um jeito de limpar... É que...
O velho sorriu mais uma vez.
- Não vai até lá? Perguntou o filósofo. O rapaz ficou confuso.
Vá, vá olhar.
O visitante titubeou, mas foi até a janela destruída. Seus tênis fizeram estalar alguns cacos pelo chão. Parou, olhou novamente o velho e depois enfiou cuidadosamente a cabeça para fora da janela, evitando encostar nos cacos de vidro restantes. A visão que teve foi como o ascender das luzes em uma festa surpresa, onde a curiosidade proporcionada pela escuridão é satisfeita pela aparição do bolo, dos parentes, dos amigos, dos enfeites, etc. A paisagem que o jovem via antes através do vidro pareceu esticar-se ao infinito, possibilitando que ele contemplasse as respostas para aqueles seus questionamentos.
Do lado contrário à correnteza do rio, bem próximo da casa, uma bela cachoeira lançava suas águas sobre algumas pedras mais salientes da pequena montanha. Com a força da queda, a água espirrava longe e molhava, como uma chuva fina, a relva nas imediações. “Era por isso a correnteza forte! E a chuva não é chuva, são respingos! Por isso não cessa!” A descoberta fez o jovem regozijar-se.
Olhando então para o lado direito, pôde ver ao longe, uma enorme indústria que lançava um pó branco no ar. O vento trazia o pó até a folhagem das árvores. Mesmo distante, dava para ver que algumas árvores ao redor da indústria estavam totalmente brancas e muitas outras estavam mortas. “O branco das árvores é a poluição da indústria. Justo daquela que se diz tão preocupada com o meio-ambiente...” Da janela dava pra ver também a estradinha que passava em frente à indústria e seguia até a entrada da cidade. Por ela passavam vários operários que deixavam o seu turno, todos com um aspecto triste, sofrido e de insatisfação. Alguns conversavam, outros tossiam, outros simplesmente acompanhavam aquele cortejo disperso e lúgubre.
Ao mesmo tempo que o rapaz satisfez as suas primeiras curiosidades, outras imediatamente foram surgindo: Por que o aspecto taciturno e sofrido dos operários? Eles não deviam estar satisfeitos por terem um trabalho e, principalmente, por ter acabado o seu expediente? Por que uma empresa tida como modelo na cidade não se preocupa com o pó lançado sobre as árvores? E por que é justamente ela a que mais fala em defesa do meio ambiente?
Ao retomar a cabeça para dentro da casa, o rapaz deparou-se com o velho Américo de pé ao seu lado, com um sorriso algo maroto estampado nos lábios. E então? - perguntou o filósofo - O que viu agora?
O rapaz contou a sua experiência e as novas inquietações surgidas. O velho ouviu tudo
atentamente e foi conversando também com o jovem.
- Bem filho, você quebrou a janela. Creio que agora você não precisa mais de mim. Este foi o início de sua descoberta da filosofia. Você foi um bom aluno e já começou a filosofar. Para prosseguir, vá resolver suas novas inquietações. Mas jamais se esqueça: nunca olhe as coisas somente através das janelas - e fazendo um gesto vago em direção aos livros acrescentou - o dia que precisar de livros...
O rapaz estava eufórico. Sorriu um pouco embasbacado. Tinha a sensação de que, enfim, compreendera. - Tenho que ir embora agora, não é?
- Mas apareça sempre para conversarmos. Não pense que já sabe tudo... - Com certeza. Estarei sempre aqui.
Após despedirem-se, o jovem saiu e nem se preocupou de pegar o caderno na porta. - E o caderno? Você esqueceu!
- Pode ficar com ele. Não precisei mesmo...
- Lembre-se de me pagar o concerto da janela! O rapaz, já virando uma curva na estrada, fez sinal de positivo, sorriu e desapareceu na estrada.
Alguns anos se passaram. Em contato com os amigos, o jovem tentava, depois de muito tempo de busca, relatar aos amigos e fazê-los entender as suas descobertas com relação a vários aspectos da realidade. Conversava sobre as falsas verdades que prevaleciam entre os homens, sobre a manipulação das pessoas por interesses de grupos, sobre o sentido da vida do ser humano, sobre as estruturas sociais
massacrantes... Mas nem sempre conseguia convencer. Muitos nada entendiam, não queriam entender, fechavam os ouvidos e até se chateavam com a conversa. Estes, eram sempre os mesmos e sempre iguais, nunca mudavam. Viviam na sua vidinha medíocre na ilusão de estarem felizes e satisfeitos. Eram controlados pelo mundo e moviam-se sem vontade própria, embora se achassem livres. Mas na verdade, eles não haviam quebrado a janela...

4 de dezembro de 2011

A história do Jardim Siesta

A história do nosso bairro começa na década de 50, quando o Sr. Istvan Molnár, um húngaro radicado em São Paulo e proprietário destas terras, constrói o Clube de Campo para reunir, num lugar calmo
e bonito, nos fins de semana e feriados, os amigos estrangeiros que também moravam na capital paulista.
Esses amigos ficavam hospedados no prédio que fica quase em frente às quadras de tênis do Trianon.
Logo depois, é construída a sua residência de campo, na Rua Hungria; hoje, residência do Sr. Antonio Francisco.
As ruas do nosso bairro têm nomes de países, porque os amigos do Sr. Molnár eram também de outras nacionalidades.
Alguns deles, como a Sra. Margarida Pely, resolveram ter sua residência de lazer, aqui, fazendo com que o Jardim Siesta - o nome indica lugar de descanso - começasse a crescer.
Mais tarde, por volta dos anos 70, o Sr. Molnár dá início ao loteamento do bairro, com algumas casas parecidas com a sua e as vende a outras pessoas que já não são mais as do seu restrito grupo de amigos de São Paulo. A única entrada para cá era pela Av. Japão, ainda de terra e com muitas árvores no meio.
A partir daí, gente da nossa cidade e outras pessoas que chegavam a Jacareí, que queriam morar num bairro arborizado, tranquilo e ainda pouco habitado, vieram para cá e novas residências foram construídas.
O Trianon Clube, que só possuía a sede da cidade, atual Educa Mais, adquiriu o Clube de Campo, aumentando os atrativos do nosso bairro, já que o lazer estava ainda mais completo para todos os moradores que se tornassem sócios.
Como se vê, o Jardim Siesta nasceu de um sonho de um homem empreendedor, que acreditou em fazer daqui um lugar com muita qualidade de vida, a qual temos lutado até hoje para preservar.

21 de junho de 2011

Moda das casas paulistas

Hoje tive uma deliciosa surpresa ao entrar no twitter e ver uma postagem da atriz e diretora teatral Mika Lins sobre a história dos mosaicos tão conhecidos em casas paulistas.
Como eu achei muito interessante saber como aqueles pedacinhos de cerâmica tornaram-se famosos em tantos lares, resolvi pedir licença a ela e postar aqui no meu blog para dividir com vocês.
Valeu, Mika, por permitir a publicação!
Vejam só que interessante e que história mais legal!

http://www.eleganciadascoisas.com.br/2011/06/historia-do-piso-de-caquinhos-das-casas.html?spref=tw

26 de maio de 2011

Saudades

Nossa vida é muito mais rica do que podemos imaginar.
Num dia qualquer, numa hora qualquer, brota aquele sentimento de vazio, de que algo nos falta, alguma coisa que se perdeu e que damos pela falta. É a saudade.
Saudade de alguém, de uma situação, de uma coisa, de um momento que vivemos, de uma fase da vida, saudades. Um enorme buraco no peito que não conseguimos mais preencher.
Na busca pelo que se foi, descobrimos aquele amontoado de coisas que lá estão: vivências, experiências, momentos. Uma foto em preto e branco pode nos levar, por alguns instantes, de volta àquele lugar e tempo em que tudo parecia perfeito, em que o para sempre fazia sentido.
Sentir saudades é voltar ao passado. É se ver diferente, mais novo, mais feliz, mais completo.
Hoje, sinto saudades. Muitas saudades.

6 de julho de 2010

Moça com brinco de pérola

Anteontem, revi um filme maravilhoso que trata dessa obra-prima do pintor holandês Johannes Vermeer.
Baseado no romance best-seller de Tracy Chevalier, o filme conta a história de uma moça que, por motivos financeiros, tem de trabalhar de criada na casa do artista Vermeer. O clima da Holanda do século XVII é fielmente retratado, com personagens que dão vida às diferenças sociais da época.
O figurino impecável permite também que o nosso olhar capte informações sutis sobre tais desníveis.
A ambientação do estúdio do pintor é caprichadíssima nos pequenos detalhes, dos quais a luz é o elemento mais importante.
Além de indicar o filme pela beleza, delicadeza e sensualidade, vale a pena lembrar das interpretações da atriz Scarlett Johansson e do ator Colin Firth.
Confiram, vocês não irão se arrepender!

24 de dezembro de 2009

Boas Festas

Que a magia deste Natal invada você!
Tire de sua vida coisas que não são mais úteis,
livre seu coração de sentimentos ruins como raiva, mágoa e ressentimentos e o preencha com
amor, paixão, respeito e generosidade.
Tome as decisões que vem adiando, há muito, e seja o comandante deste navio.
Dedique-se a tudo o que fizer neste ano que irá começar e empenhe-se, ao máximo.
Lembre-se de que você é o responsável pelos seus atos e pela busca da sua felicidade.
Que venha 2010, um ano iluminado de boas energias e alegrias!

15 de dezembro de 2008

Tradução da música Elephant Gun

Se eu fosse jovem, eu fugiria desta cidade
Enterraria meus sonhos no subsolo
Como eu, nós bebemos até morrer, nós bebemos esta noite

Longe de casa, elephant gun*
Vamos derrubá-los um a um
Nós os deitaremos, eles não foram encontrados, não estão por aqui

Que comecem as temporadas! - elas rolam como devem
Que comecem as temporadas! - derrube o grande rei (repete 2x)

E rasgam o silêncio do nosso acampamento à noite
E rasgam a noite

E rasgam o silêncio do nosso acampamento à noite
E rasgam o silêncio, tudo que é deixado é o que eu escondo

O termo "elephant gun" refere-se à uma arma de calibre largo. O nome deriva do uso que era feito dela, isto é, os caçadores de elefantes e/ou de outras caças perigosas.
Letra retirada de sites da internet.

Letra da música Elephant Gun

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide

Letra retirada de sites da internet.

11 de dezembro de 2008

Elephant Gun: música-tema de Capitu



Vídeo do YouTube

Minissérie Capitu

Para quem gosta de tv, a nova minissérie da TV Globo, Capitu, baseada na obra de Machado de Assis, Dom Casmurro, é imperdível.
Para quem gosta de literatura, essa nova versão para a tv é um primor, seja pelo texto, seja pelo formato, seja pela atuação dos atores principais.
Para quem gosta de artes e de mídia, Capitu tem todas as ousadias possíveis e inimagináveis: a trilha sonora com uma envolvente música em inglês (veja o clipe acima); a atriz principal, na adolescência, exibindo uma bela tatuagem no braço; o antigo, o moderno e o atemporal em constantes diálogos; uma cenografia de tirar o fôlego; um texto denso, porém ágil; a participação memorável e genial de Michel Melamed (que seja a primeira de várias, na Rede Globo!); a graça, a leveza e o enigma da atriz da primeira fase, Letícia Persiles; o talento e a performance do jovem Bentinho, César Cardadeiro; a direção de arte; a fotografia; as roupas; a iluminação; enfim, a melhor produção dos últimos anos na TV brasileira.
Para quem gosta de marketing, Capitu inova com seu dvd de lançamento, que foi deixado em vários pontos públicos do país para que, quem o visse, o devolvesse em outro lugar para que outras pessoas pudessem ver. Um recurso bastante criativo e que pode ser acompanhado pelo site da minissérie: http://tvglobo.capitu.globo.com/capitu-crossing/
Parabéns à toda a equipe: aos atores, aos diretores, aos roteiristas, aos técnicos, aos pesquisadores de imagens da época e ao nosso grandioso Machado de Assis por uma obra que já fazia parte da nossa história e, que, agora, certamente, já faz parte da história da nossa televisão. A televisão brasileira de excelente qualidade, aquela que tanto nos enobrece, aqui e no mundo.

11 de outubro de 2008

A culpa é do termômetro

Acabamos de sair de mais uma eleição municipal.
Para muitos, foi apenas um compromisso que consta em nosso calendário político. Para outros, que ainda acreditam, como Hannah Arendt, que toda ação é política e que só podemos mudar o nosso mundo, via participação política, foi um período de agitação, de defesa de pontos de vista, de argumentação, de debater idéias e ideais. Há também os apaixonados, sejam os mais preparados intelectualmente ou os mais necessitados, que, em suas vidas repletas de paixão pela causa pública e pelas dificuldades, fazem desse período uma festa de cores, de palavras de ordem, de reativação de símbolos cívicos, de uso, às vezes, carregado, de adesivos e bandeiras e tudo o mais que a atual legislação eleitoral permitiu - o que não foi muita coisa para quem acompanha a evolução das normas eleitorais em nosso país, numa atitude muito consciente e responsável das autoridades - diga-se, de passagem -, as músicas (jingles) que são criadas somente para essa época de briga na busca do voto, no corpo-a-corpo; enfim, aqueles que se expõem e saem às ruas para trabalhar por esse ou aquele candidato.
No entanto, há, justamente, na classe dita política, uma falta total de autocrítica e acham e agem (o que é pior) como se tudo fosse fácil ou totalmente previsível. Para ela, ganha aquele que está liderando as pesquisas e ponto final. Avaliar o quadro partidário local, com suas peculiaridades (e até aberrações em coligações racionalmente inimagináveis), o eleitorado da cidade e as necessidades da população naquele momento histórico da cidade é conversa para boi dormir. Números são absolutos, para esse grupo de pessoas. Para elas, 1 + 1 é sempre igual a 2. Ignoram que a política é uma ciência humana e não exata.
Pois bem, em Jacareí, o candidato a prefeito e líder das pesquisas perdeu.
Com uma das muitas características típicas da cidade, o dia 6 de outubro de 2008, ao contrário do que se viu em outros lugares, foi de desânimo total. Via-se no semblante das pessoas, nas ruas, nas lojas, nas calçadas, no shopping. Um quê de não entendi o que aconteceu e por que deu zebra pairava no ar.
Sim, sociólogos, meus colegas de profissão, a culpa sobrou, primeiramente, para os institutos de pesquisa. Não são sérios, foram comprados, estavam a serviço dos inimigos políticos e da elite dominante da nossa cidade e da região, bradaram os conhecedores da política jacareiense. A pesquisa era mentirosa. A famosa frase: "- Alguém te entrevistou, nessas eleições? E sua mãe, foi abordada em casa por alguém de alguma empresa de pesquisa? E aquele seu sobrinho que trabalha, lá no bairro do meu cunhado, ele foi entrevistado?", voltou a ser disparada, como fazem, freqüentemente, nos anos consecutivos à publicação do Censo, pelo IBGE.
Para resumir, ficam dando cabeçadas para achar um culpado (recorro, novamente, a essa palavra, porque ela é a que mais dá significado mesmo, não se fala em responsabilidade pela perda da eleição e, sim, em culpa) ou culpada e nada de olharem o que está na cara: perdeu-se por incompetência política, pela visão estreita das alianças firmadas pela chamada oposição, pela falta de propostas que fossem ao encontro dos anseios da maior parte da população, pela ausência de planejamento, pelo descrédito na classe política dirigente do nosso país (são tantas denúncias divulgadas em jornais nacionais, dia após dia), pela aceitação maciça ao governo Lula, pelo desconhecimento de quem era quem, como candidato diferenciado, no que diz respeito ao programa de governo e sua aplicação para a resolução dos problemas da cidade, pelo frio que afastou boa parte das pessoas que não compareceram aos comícios, pelo simples fato de que, hoje em dia, os comícios não atraem mais gente como outrora, pelo já-ganhou antecipado, etc.
É duro quando não se quer enxergar o que se apresenta, a olhos vistos, o que se constatou nas urnas, o que as pesquisas qualitativas e quantitativas indicavam: o caso era sério e requeria cuidados de emergência, alertou-se (e muito) nas últimas semanas.
O doente tinha febre e não era bom sinal.
Infelizmente, mudar de comportamento, ser mais aberto ao diálogo, ter um tempo para pensar nas tomadas de decisões realmente importantes, aceitar os próprios limites e defeitos é algo que nem todos têm. E isso faz a diferença.
Em Jacareí, fez. Mas a culpa, caros blogueiros, foi do termômetro.

Foto do termômetro: http://alinhavos.blogspot.com/2006_09_01_archive.html

25 de agosto de 2008

Cultura: o legado da família real ao Brasil

Há mais de 2 meses, fiz uma pesquisa histórica bem aprofundada sobre a vinda da família real ao Brasil para a DM Comunicação Integrada, do Rio de Janeiro. Trata-se de um projeto em parceria com o SESC Rio e que tem o apoio do Museu Histórico Nacional.
O resultado da minha pesquisa e o trabalho sério de diagramação da Isabel Garnett, da DM, estão disponíveis para vocês no site: http://www.dmcm.com.br/projetos/familia_real_2008.htm.
O objetivo da exposição itinerante de banners é mostrar aquilo que os livros de história nem sempre contam sobre a herança que a família real nos deixou, em termos culturais, quando para cá vieram, na fuga do poderio militar de Napoleão Bonaparte, na Europa. Há, sempre, uma preferência nítida dos aspectos políticos e econômicos aos sociais.
A cada etapa da visita, pode-se perceber que, não fosse a vinda da corte portuguesa ao Brasil, não seríamos o que somos hoje: não haveria esse imenso território brasileiro, nosso idioma talvez não fosse o português e a nossa bagagem cultural não seria tão diversificadamente rica.
Por outro lado, é impossível conceber o que é ser brasileiro, hoje, sem realizar essa viagem de volta ao passado e chegar à fonte de origem na qual tudo isso começou, ou melhor ainda, quando e como começamos a criar essa identidade atual e não uma outra.
Espero que a exposição virtual leve muitos admiradores das ciências humanas (Sociologia, Política, Antropologia, História e Geografia) a seus corredores e que todos gostem dos textos que abordam, ainda que rapidamente, esse importante marco histórico nacional.
Quem morar no Rio de Janeiro poderá ver, pessoalmente, a exposição em uma das unidades do SESC. Infelizmente, nós, paulistas, ficaremos de fora.
Então, aproveitem a internet e boa exposição para vocês!
Foto acima: Retrato de D. João e Carlota Joaquina, de Manuel Dias de Oliveira, "O Brasiliense" ou "O Romano".

Culture: the legacy of the royal family to Brazil
More than 2 months ago, I made a thorough historical research about the arrival of the royal family to Brazil for DM Integrated Communication, from Rio de Janeiro. This is a project in partnership with the SESC Rio and has the support of the National History Museum.
The result of my search and the layout of the serious work of Isabel Garnett, DM's designer, are available on the site for you: http://www.dmcm.com.br/projetos/familia_real_2008.htm.
The purpose of the touring exhibition of banners is to show what the history books do not always count on the legacy that the royal family left us, in terms of culture, when they came here, escaping of Napoleon Bonaparte's military might, in Europe. There is always a clear preference for political and economic aspects to social. At each stage of the visit, you can understand what this coming to Brazil let to us, changing us just to become what we are today: there would be this huge Brazilian territory, our language may be not the Portuguese and our cultural baggage would not be so much rich. Moreover, it is impossible to conceive what is a Brazilian's people, today, without making this journey back to the past and reach the source of origin where it all started, or better yet, when and how we begun to create this identity and not current another.
I hope the virtual exhibit carry many admirers of the human sciences (sociology, politics, anthropology, history and geography) to its rooms and that all enjoy the texts that address, even briefly, this important national landmark. People who live in Rio de Janeiro can see, personally, the exposure in one of the SESC's units. Unfortunately, people who live in Sao Paulo will be out. So, use the internet and good exposure for you!
Photo above: Portrait of D. John and Carlota Joaquina, by Manuel Dias de Oliveira, "The Brasiliense" or "The Romano."

Culture: l'héritage de la famille royale au Brésil
Il ya plus de 2 mois, j'ai fait une recherche historique approfondie sur l'arrivée de la famille royale au Brésil pour la agende de publicité DM Communication Intégrée , de Rio de Janeiro. Il s'agit d'un projet en partenariat avec SESC de Rio et a le appui de la Museé Historique Nationale. Le résultat de mes recherches et la présentation de l'importance du travail d'Isabel Garnett, de la DM, sont disponibles sur le site pour vous: http://www.dmcm.com.br/projetos/familia_real_2008.htm.
Le but de l'exposition itinérante de bannières est de montrer ce que les livres d'histoire ne sont pas toujours compter sur l'héritage que la famille royale nous a laissé, en termes de culture, quand elle est venu ici pendant l'évasion de la puissance militaire de Napoléon Bonaparte, en Europe. Il ya toujours une nette préférence pour les aspects politiques et économiques au lieu des sociaux.
À chaque étape de la visite, vous pouvez comprendre cela, sans la venue de la cour portugaise au Brésil, on n'serais pas ce qu'on est aujourd'hui: il serait cet immense territoire brésilien, notre langue pourrai n'être pas le portugais et notre bagage culturel ne le serait pas tellement riche.
En outre, il est impossible de concevoir ce qui est être brésilien, aujourd'hui, sans faire ce voyage du retour vers le passé et d'atteindre la source d'origine, où tout a commencé, ou mieux encore, quand et comment on a commencé à créer cette identité, pas une autre.
J'espère que l'exposition virtuelle amène de nombreux admirateurs des sciences humaines (sociologie, la politique, l'anthropologie, l'histoire et la géographie) à ses couloirs et que tous jouissent des textes qui traitent, même brièvement, cette importante date nationale.
Ceux qui vivent à Rio de Janeiro pouvez le voir, personnellement, l'exposition dans une des unités du SESC. Malheureusement, nous de Sao Paulo, nous n' allons pas voir.
Ensuite, utilisez l'internet et je vous souhaite une bonne exposition!
Photo ci-dessus: Portrait de D. John et Carlota Joaquina, par Manuel Dias de Oliveira, "Le Brasiliense" ou "Le Romano".

2 de julho de 2008

Coisas do Brasil: há sempre uma descoberta

Quando a gente fala em pesquisa histórica no Brasil, vem sempre à mente imagens de coisas velhas amontoadas num canto qualquer de alguma repartição pública ou encaixotada num depósito de museu, enfatizando a dificuldade em se ter acesso a esse material. Nem sempre é assim. Navegando pela internet, descobri essa maravilha de documento ao lado, que trata da concessão, feita por D. João VI, a um fidalgo do título da Ordem de Cristo (a maior condecoração que existia, no século XIX, dada por Portugal a seus nobres). Essa transferência de posse do brasão de armas a Antonio de Sales Nunes Berford Moreira da Silva, ocorreu em 1814. A Ordem de Cristo é sucessora da Ordem dos Templários, que muito ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recompensados com vastos territórios e poder político, nos séculos XII e XIII. Além de belíssima como documento histórico - Clique sobre a foto para ampliar -, essa permissão mostra a genealogia da família de Sales Nunes Berford Moreira da Silva, do Maranhão. E adivinhe onde eu a encontrei? No site da Biblioteca do Congresso Americano. Sim, foi lá mesmo, não há nenhum erro de digitação. Ficou atônito? Eu também. Pois bem, o bom de tudo isso é que já existe uma parceria entre ela e a nossa Biblioteca Nacional para a digitalização de livros, mapas, manuscritos, pinturas, fotografias e gravuras e sua disponibilização na internet. Trata-se do projeto "Brasil e Estados Unidos: Expandindo Fronteiras, Comparando Culturas" que explora a história do Brasil, as interações entre os dois países do século XVII até os dias de hoje, além de comparar e traçar paralelos entre a cultura e a história brasileiras e americanas. Se você também tem uma paixão por documentação histórica e já estiver curioso, segue o endereço do site: http://international.loc.gov/intldl/intldlhome.html. Para facilitar ainda mais a nossa exploração, parte do site está em versão bilíngüe. Há também o link com o site da Biblioteca Nacional: http://www.bn.br/bndigital/. Por enquanto, não há muitos documentos, mas o projeto, lançado em 2003, continua em andamento e mais material deve ser agregado a esse acervo. Vamos torcer para que exista muita coisa para vermos e nos deslumbrarmos, tal qual a documentação acima.
Foto: site da Biblioteca do Congresso Americano.

Things in Brazil: there is always a discovery
When we talk in historical research in Brazil, always comes to mind images of old stuff crammed in a corner any division in any public or a lot of packing case in a deposit of a museum, emphasizing the difficulty in gaining access to this material. It is not always so. Navigating the Internet, I have discovered this wonder of the document part, which deals with the grant, made by D. Joao VI, a nobleman of the title of the Christ's Order (the highest decoration that has existed in the nineteenth century, given by Portugal in its noble). This transfer of ownership of the coat of arms to Antonio Nunes de Sales Berford Moreira da Silva has occurred in 1814. The Christ's Order is the successor of the Knights Templar, who have helped the Portuguese much in battles against Muslims, rewarded with vast territories and political power in centuries XII and XIII. Besides beautiful as historical document - Click on the photo to enlarge - this shows the permission of the Sales Nunes Berford Moreira da Silva's family genealogy. And guess where I have met with? At the site of the Library of Congress. Yes, there was even, there is no typing error. Are you surprising? Me too. Well, the good of all this is that there is already a partnership between it and our National Library for the scanning of books, maps, manuscripts, paintings, prints and photographs and making them available on the Internet. This is the project "Brazil and the United States: Expanding Frontiers, Comparing Cultures" which explores the history of Brazil, the interactions between the two countries in the seventeenth century until today, in addition to comparisons and draw parallels between the culture and history Brazilian and American. If you also have a passion for historical documentation and is already curious, follows the web address: http://international.loc.gov/intldl/intldlhome.html. To further facilitate our operation, the site is a bilingual version. There is also a link to the site of the National Library: http://www.bn.br/bndigital/. For now, there are many documents, but the project, launched in 2003, is still in progress and more material should be added to that collection. Let us pray so that there is much to see and dazzle, as the documentation above.
Photo: site of the Library of Congress.

25 de junho de 2008

Homenagem à antropóloga Ruth Cardoso


"A sociedade brasileira hoje não espera tudo do Estado.

Toma a iniciativa, inova e experimenta.

Parcerias entre múltiplos atores ampliam

a eficiência e a sustentabilidade das ações sociais.

O desenvolvimento do Brasil passa pelo investimento

em capital humano e em capital social."
Ruth Cardoso

Fundadora da Comunitas

Extraído do site


Foto do Portal Terra


Homage to anthropologist Ruth Cardoso

"The Brazilian society today does not expect all of the State.

It takes the initiative, innovation and experiment.


Partnerships between multiple actors expand


the efficiency and sustainability of social actions.


The development of Brazil pass by investment in human and social capital. "

Ruth Cardoso


Founder of Comunitas


Extracted from site


Photo of the Portal Terra

24 de junho de 2008

Uma mulher que deixa saudades

Acabo de ver pela TV que a Ruth Cardoso faleceu.
Estou triste e já sinto a sua falta.
Não só porque ela foi uma pessoa importante, já que seu marido foi Presidente do Brasil. Não só porque ela desempenhou seu papel de primeira-dama com uma simplicidade única e com muita discrição. Não só porque ela teve uma vida de pesquisadora que qualquer socióloga invejaria, com passagens pelas universidades do Chile, da França e dos Estados Unidos. Não só porque ela falava num tom baixo, nada submisso, e com aquela doçura que nos remete aos dedicados e competentes professores de antigamente. Não só porque ela possuía um senso crítico fantástico sobre a precariedade da educação e da pesquisa no Brasil. Não só porque acompanhei, como sua aluna na USP, parte de sua trajetória como uma grande conhecedora dos movimentos sociais, uma de suas especialidades como antropóloga. Não só porque suas aulas eram uma delícia de aquisição de conhecimento, já que ela era aberta às temáticas sociais e políticas mais modernas do comecinho dos anos 80. Não só porque ela possuía a segurança necessária em nos transmitir conceitos tão novos até mesmo para uma renomada faculdade como a FFCLH. Fico triste, porque Ruth Vilaça Correia Leite Cardoso, nascida em Araraquara, interior de São Paulo, deixa um vazio intelectual num país que precisava de, pelo menos, outras 100 Ruths para poder ter futuro, poder fazer um planejamento consistente e a longo prazo, capaz de realizar as transformações sociais que nos possibilitem sonhar com uma nação de gente, não um aglomerado de pessoas soltas e entregues à sua própria sorte. Com a morte da Ruth, o país perde um tipo de detentor do saber que só se contrói muito raramente. Perde a chance de dialogar, de ter bom senso, de se orgulhar de uma mulher que foge ao estereótipo atual tão humilhante para o gênero. Perde a delicadeza. Perde quem fundou uma capítulo à parte, em nossa história recente, de luta sem estardalhaço, do fazer sem aparecer. Perde a classe. Perde a postura. Perde uma de suas mais brilhantes intelectuais. Perde o Brasil, perdemos todos nós.
Foto do site http://paginas.terra.com.br/educacao/projetovip/0920.htm

19 de junho de 2008

D. João VI, rei de Portugal, inventor do Brasil

" Estamos em 27 de novembro de 1807. A Europa está devastada por Napoleão Bonaparte, que mexeu em todos os tronos europeus e, no fim daquele ano, está chegando a Portugal. A corte, desesperada, se atropela com pressa e desordem no cais de Belém para embarcar. Filhas sem pais, mulheres sem marido, pessoas da mais alta nobreza esperam subir a bordo com a roupa do corpo e com pouco ou nenhum dinheiro. D. João chegou acompanhado de D. Pedro Carlos, infante de Espanha, primo de Carlota Joaquina, e tomam a nau capitânia Príncipe Real com 67 m de comprimento que recebe mais de 1.000 passageiros e é a sala do trono flutuante da monarquia portuguesa. Em seguida, chegam Dona Carlota, D. Pedro, as infantas e o infante D. Miguel, e se dividem em 4 navios, por questão de segurança dinástica, D. Pedro e D. Miguel embarcam com o pai; dona Carlota e 4 filhas embarcam na fragata Alfonso de Albuquerque. A rainha, Dona Maria I, a Louca, com 73 anos, recusa-se a embarcar, pois quer ficar com o povo e resistir. Finalmente, é carregada nos braços pelo comandante da frota real e embarca no Príncipe Real. As 2 princesas do meio embarcam no Rainha de Portugal enquanto a tia e a cunhada de D. João embarcam no Príncipe do Brasil. Trazem consigo, metade do tesouro português (algo em torno de 80 milhões de cruzados); a outra metade já fora quase toda gasta para comprar a neutralidade com a França. O que resta em Lisboa (cerca de 10 milhões de cruzados) não dará para mover o reino e pagar as dívidas, o que fará o general Junot, representante de Napoleão, derreter toda a prataria das igrejas e palácios para pagar a manutenção das tropas francesas em Portugal na guerra que se seguirá e que matará 250.000 portugueses." *
Estava começando um dos mais importantes capítulos da nossa história, já que a permanência da família real no Brasil vai deixar marcas profundas, resultado das muitas mudanças ocorridas com a instalação de um império europeu nas Américas. Aliás, fato esse único em todo o nosso continente.
Até hoje, podemos ver como os tempos de D. João em terras brasileiras fazem-se presentes em nosso dia-a-dia. A expressão "ficar a ver navios" vem daí, isto é, da fuga estratégica da corte portuguesa e teria sido dita para descrever a surpresa do general Junot ao se deparar com a cena descrita anteriormente. Se é verdade ou não, não importa. Vale pela delícia de sua aplicação. E depois, esta já é outra história.
* Baseado no texto A Corte Portuguesa No Brasil, de Aníbal de Almeida Fernandes, Nov. de 2007 (site http://www.historianet.com.br/)

7 de junho de 2008

Jacareí e seu patrimônio histórico

Conhecer a história do Vale do Paraíba, em São Paulo, é fazer uma viagem no tempo. Situada entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar, nossa região serviu de caminho de tropeiros rumo ao interior do país, promovendo a sua colonização com a fundação de grande parte das cidades de Minas Gerais. Daqui partiram os bandeirantes, desbravando trilhas no lombo de mulas, fazendo a chamada rota dos guaianases. Esses paulistas, que eram mestiços de portugueses com indígenas, tinham o conhecimento, não apenas dos milenares caminhos dos nativos, como também das suas técnicas de sobrevivência nos sertões.
Com a descoberta de ouro de aluvião, o trânsito de pessoas, animais e gêneros entre o litoral e a região intensificou-se. Segundo o historiador Capistrano de Abreu, ao final do século XVII, em torno da atual cidade de São Paulo, existia uma área que prosperava com um considerável número de vilas, entre elas Mogi das Cruzes, Taubaté e Guaratinguetá. É dessa época que é registrado o início do povoamento de Jacareí com o nome de Villa Nossa Senhora da Conceição da Parahyba, pela iniciativa de Antônio Afonso e seus três filhos, mas há estudos recentes que mostram que a fundação de Jacareí foi feita por um grupo de moradores, liderados por Diogo Fontes. A Carta Régia, de 27 de outubro de 1700, que criou a Comarca de São Paulo, alterou o nome para Villa da Parahyba. Elevada à Vila em 1653, Jacareí tornou-se cidade em 03 de abril de 1849. Foi com o ciclo do café no Vale do Paraíba que a cidade conheceu o desenvolvimento, deixando de ser somente um local de parada e de abastecimento de mercadorias para os que aqui passavam rumo à corrida do ouro em Minas Gerais. Acredita-se que o núcleo do povoamento foi a área ao redor da Capela do Avareí, sendo seguido para as proximidades do Largo da Matriz, que foi urbanizado na década de 30 do século passado. É aí que se realiza anualmente a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora Imaculada Conceição.
Merece destaque especial o prédio do Solar Gomes de Leitão, construído em 1857, já que foi ali que aprendi a ler e a escrever, em 1970, quando funcionava a Escola Estadual de Primeiro Grau Coronel Carlos Porto. Com características arquitetônicas ecléticas, o casarão de taipa de pilão concilia elementos dos estilos neoclássico e colonial. Tombado em 1980 pelo CONDEPHAAT, seu processo de recuperação durou mais de dez anos. A edificação, atualmente denominada Museu de Antropologia do Vale do Paraíba (MAV), reviveu suas noites de glória, em 1992, quando foi reaberta ao público, com a encenação da chegada de seu primeiro proprietário, o bem sucedido fazendeiro de café e um dos principais acionistas na construção da Estrada de Ferro São Paulo - Rio, João da Costa Gomes de Leitão. Recomendo uma visita ao site http://www.anpf.com.br/histnostrilhos/historianostrilhos14_janeiro2004.htm que nos conta a importância desse personagem para a história da ferrovia brasileira. Uma outra curiosidade encontrada na pesquisa que fiz pela internet é que, em uma das várias reformas realizadas no período em que o MAV serviu de grupo escolar, temos a figura do engenheiro e escritor Euclides da Cunha como responsável pela supervisão das obras. Sob a administração da Fundação Cultural de Jacarehy, o atual acervo do museu conta com peças de cerâmica figurativa, imagens paulistinhas, quadros de pintores primitivos, presépios, esculturas e bonecos.
É parte dessa história de Jacareí que você pode ver resumida no clip realizado pela Cristina Brum, com as fotos de autoria do Laerte Pupo, um retratista incansável do cotidiano da nossa cidade.